Grupo de caminhoneiros bloqueia a BR-101, no Rio Grande do Sul, em apoio a Bolsonaro
O governo federal anunciou, no início da tarde desta quinta-feira (9), que não há mais registro de bloqueios de rodovias federais por parte de caminhoneiros que deflagraram movimento em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, ontem (8).
Porém, em meio à mobilização do Palácio do Planalto, com a participação pessoal do chefe do executivo federal, para convencer os manifestantes a liberar as rodovias ao redor do país, 13 estados ainda registravam, às 14h30 desta quinta, concentrações de motoristas e veículos em vias administradas pela União.
De acordo com o boletim, houve “redução de cerca de 35% nas tentativas de bloqueio em rodovias federais no início desta tarde”.
“A região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) concentra mais da metade das ocorrências registradas […]. Aglomerações ainda seguem nos estados da Bahia, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás, Maranhã, Rio de Janeiro e Tocantins”, diz a pasta presidida por Tarcísio Gomes de Freitas.
A PRF informa também ter zerado a lista de pontos sensíveis com algum impedimento da saída ou entrada de caminhões. Em especial, Paulínia e São José dos Campos, no interior de São Paulo.
O governo federal divulgou ainda a lista dos novos corredores logísticos essenciais para o livre trânsito de caminhões abertos, nas últimas horas, pela PRF:
BR-285/Rio Grande do Sul (Passo Fundo)
BR-285/Rio Grande do Sul (São Borja)
BR-386/Rio Grande do Sul (Sarandi)
BR-386/Rio Grande do Sul (Mato Castelhano)
BR-381/Minas Gerais (Igarapé)
BR-447/Espírito Santo (Porto de Capuaba)
Os dois informes anteriores traziam as seguintes listas de vias liberadas:
BR-116/Bahia (Feira de Santana)
BR-101/Bahia
BR-101/Sergipe
BR-101/Pernambuco (Igarassu)
BR-116/Rio Grande do Sul (Vacaria)
BR-392/Rio Grande do Sul (Pelotas)
BR-040/Minas Gerais
BR-116/Rio de Janeiro (Dutra/Barra Mansa)
BR-040/Rio de Janeiro (Reduc)
BR-101/Espírito Santo
BR-376/Paraná
BR-153/Goiás (Anápolis)
Depois de uma madrugada de bloqueios nas estradas, Bolsonaro afirmou a apoiadores, na manhã de hoje, que iria se reunir com representantes da categoria. A informação foi confirmada posteriormente pelo Ministério da Infraestrutura.
“Eu tenho uma hora na manhã… já tenho o tempo tomado com o pessoal dos Brics, uma hora, mas estou mais cedo também. Nesses dois intervalos vou conversar com os caminhoneiros para a gente tomar uma decisão”, disse o presidente a apoiadores na frente do Palácio da Alvorada nesta manhã.
Antes, durante a madrugada, o presidente enviou uma mensagem, em áudio, para as lideranças dos caminhoneiros a fim de pedir o fim das paralisações.
“Fala para os caminhoneiros aí que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham a nossa economia e isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo e, em especial aí, os mais pobres. Então, dá um toque aí nos caras, se for possível, e vamos liberar, tá ok?”, disse.
Embora aparente perda de força em relação a ontem, o governo teme que a paralisação possa se estender e comprometer ainda mais a economia. Na manhã de hoje, o IBGE divulgou o novo índice da inflação oficial (IPCA), que avançou 0,87% em agosto, maior alta para o mês em 21 anos.
A colunista do R7 Christina Lemos divulgou em seu blog que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, não dormiu entre esta quarta e quinta-feira (9). O chefe da pasta responsável pelas obras viárias e estruturais do país virou a madrugada em negociações com as lideranças dos caminhoneiros, que iniciaram paralisações nas rodovias e chegaram a bloqueara ias do entorno do Distrito Federal e de 16 estados.
“Em Santa Catarina, a mobilização ameaçou as condições de abastecimento”, afirmou Tarcísio.
O vice-presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Marcio Milan, afirmou na manhã de hoje que “não há necessidade de o consumidor correr” para estocar produtos alimentícios. “Estamos monitorando junto ao governo federal no sentido de identificar possíveis movimentos. Por enquanto não corremos o risco de abastecimento. Não há necessidade de o consumidor correr para fazer estoques”, disse.
Na avaliação de Milan, o movimento “não está se firmando”. “Cremos que nos próximos dias o movimento já terá terminado por que hoje já está menor”, disse o executivo da Abras. “O movimento é pontual e está em algumas localidades. Não temos nenhum indicativo de que a movimentação vai se alongar por mais de dois dias.”
O mais recente movimento dos caminhoneiros ocorreu após os discursos inflamados de Bolsonaro no feriado da Independência, em 7 de setembro. No dia, o presidente voltou a criticar o STF (Supremo Tribunal Federal). Entre as pautas, os apoiadores querem a dissolução da Suprema Corte, o que é inconstitucional.