PORQUE HOJE É SÁBADO

1 – Meu amigo Duda quase não dorme de emoção de ontem para hoje. Graças ao tal do Bekfridei, renovou as loiças, adquiriu uma novíssima bateria de alumínio e até um pinico de ágata adquiriu em suaves prestações. Nem bem o sol botou o nariz na ribanceira, correu à cozinha para fritar um ovo na frigideira nova,moderna, daquelas que não carece de óleo pra fazer o serviço. Era fritando e admirando aquele amontoado de caçarola, caldeirão, panela de cabo, panela sem cabo, caneco de azeia e um sedutor bule para ferver café.

2 – Depois que ficou viúvo, Assis do Táxi está se sentindo o próprio Leonardo de Cáprio com incêndio e tudo. Já papou metade das menininhas da Praça do Skate e jura com a moral de seus 75 anos que elas vão com ele pra pousada Sete Triângulos por amor. “As bichinhas não querem nada, eu é que insisto nuns presentinhos baratinhos”, confessou ele enquanto descia uma lapadinha de São Paulo de goela a dentro.

3 – É exatamente a partir do final de novembro e começo de dezembro que começam a aparecer as eleições para melhor prefeito do ano, deputado destaque do ano que se finda, secretário tampa de cruxe, vereador virado num traque, com direito a diploma, sessão solene, discurso poético e fotos espalhadas por Oropa, França e Bahia. A turma capricha para garantir o peru com fava do natal e do ano novo.

4 – No ano da graça de 1978 o honrado governador Ivan Bichara Sobreira foi convencido pelos amigos a deixar o cargo para concorrer a um mandato de senador. Diziam que era vitória certa. Tinha uma bancada numerosa na Assembléia, sem contar os prefeitos e vereadores espalhados pelos então 171 municipios paraibanos. Deixou, candidatou-se e teve menos votos do que Bosco Barreto, que ficou na primeira suplência sem fazer campanha, só tomando cachaça.

5 – Em 1986 foi a vez de Wilson Braga cair na mesma armadilha. Ninguém seria capaz de superá-lo na corrida para o Senado. Durante os quatro anos governou a Paraíba contando com a unanimidade da bancada estadual, os federais o paparicavam, ele próprio fez açudes e barragens a perder de vista, não havia um só prefeito contra ele e por isso partiu para a aventura. Deixou o governo e perdeu a eleição de senador para um novato, vendedor de carros e antipático Raimundo Lira.

6 – Esse negócio de confiar em fidelidade de bancada,em promessas doces, em afagos feitos mediante o ganho de cargos, portarias e mimos é muito duvidoso. Quanto a tinta da caneta azul seca ou se vislumbra no horizonte a ameaça de mudança no cenário, os amigos correm, mudam de lado, pulam do barco e se jogam nos braços do novo, como se fossem raparigas seduzidas pelo vil metal de Seu Janjão.

7 – Até o momento em que escrevo estas mal traçadas linhas, não tive notícia de novas mortes de amigos diletos ou de pessoas vítimas da tragédia do dia a dia. Graças a Deus. Espero que continue assim. Este ano de 2019 está sendo um ano muito morredor. E bote morredor nisso.

8 – Fui fazer uma pausa nas extravagâncias e peguei uma gripe, gripe das brabas,daquelas que fazem a coriza aflorar, a tosse lascar o peito e o nariz entupir. E nem uma lapada de conhaque de alcatrão a mulher deixa eu beber, “para não cortar os efeitos do remédio”, como ela mesma justifica.

9 – Esta semana baixou um índio do norte oferecendo uma garrafada para curar mais de 200 tipos de doenças. Eu até me preparava para comprar a dita cuja, quando ouvi o índio, que devia pesar, por baixo, uns 250 quilos, dizer que o seu remédio era super eficiente no controle da gordura.

10 – Saudade dos tempos da carne barata, da fartura na panela, do guisado cheirando, do mocotó enfeitando o pirão, do bode na brasa e da galinha de capoeira cheia de colorau implorando por uma mordida. Agora só restou o “bife do oião” e olhe lá.

11 – E chegou a hora de mandar meus abraços sabadais para Edmilson Pinheiro, Maria de Tia, Maria Paraíba, Edmilson do Róger,Matias do Funcionários II, Almeidinha do Geisel, Pereirinha do Valentina, Teteo do Grotão, Chico Alicate, Zeka de Jacumã, Otacílio Trajano, Bigu, Rosinha do Chifre de Ouro, Dedeu do Arrocha Aro e Tomé do Tabaco da Burra.

12 – Vavá da Luz se prepara para comemorar suas bodas de ouro com Dona Lia, é claro. E foi para sacramentar a data que ele fez estes versos, atendendo a milhares de pedidos dos fãs incondicionais:

Dona Lia me fez marido seu

Para minha completa alegria

Há cinquenta que como Dona Lia

Há cinquenta que ela come eu

Lá na cama sou sempre seu Romeu

E de mel nossas vidas tem sabor

Nos seus braços me torno um sonhador

Na certeza do amor bem verdadeiro

Fiz da curva do braço um travesseiro

Para dar mais conforto ao meu amor.

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