Esse fato aconteceu em 2003, mas como teve repercussão internacional, vou recontá-lo agora, mantendo a escrita da época (gostaram?) e os personagens de antanho. Até Bush está mantido, para preservar a originalidade da narrativa. Ei-lo como contei na época:
O DESACATO
Só acreditei porque a notícia saiu oficialmente no jornal, mas garanto que tive dúvidas. É o seguinte: o vereador Gegê, de Condado, foi preso e passou 24 horas trancado na cadeia pública local, acusado de ameaçar a vida do chefe de segurança da Embaixada da Inglaterra na Arábia Saudita.
Antes de mais nada, localizemos Condado: é um município de pequena monta, situado no alto sertão da Paraíba, no trecho mais inviável para tráfego de carros do mundo – entre Patos e Pombal – e lá só vai quem tem negócio. Possui a rua principal cortada pela BR-230 e algumas artérias inexpressivas. A Prefeitura parece uma casa de morada. Pela pracinha se espalham agricultores aposentados fazendo hora, à espera da morte.
Pois foi ali que aconteceu o fato que agora estamos comentando. O chefe de segurança da Embaixada britânica no Oriente Médio foi bater em Condado, de férias, para provocar um conflito internacional que pode gerar conseqüências que nem a Onu terá condições de resolver, muito embora na cidade o temor seja outro: como o homem é “ingrês”, Bush poderá, durante um porre, reacender seu espírito solidário ao irmão Toni Blair e mandar os aviões despejarem bombas sobre a cidade. Já pensaram como esse conflito terminará? Com certeza ressuscitarão Luquinha e seu 38, que na condição de comandante convocará a cabroeira de Catolé do Rocha para meter bala nos estrangeiros.
O vereador foi libertado pelas 14 horas de quinta-feira e, ao sair, denunciou estar sendo perseguido politicamente por partidários do “atual governo e do PFL”. Salienta que não anda armado e a informação de que guardava um rifle papo amarelo em sua casa é mentirosa.
Depois de dizer-se magoado porque, aos 47 anos, foi algemado pela primeira vez, o vereador contou o que de fato aconteceu: o representante da rainha ingrêza passava pelos fundos de sua casa com uma amante, procurando um lugar ermo para fazer aquilo que vocês estão pensando e ele, o vereador, ao ver o pantim, pediu que o homem se identificasse. O “embaixador” sentiu-se desacatado, deu queixa do atrevido e ele foi mandado para o xilindró.
ABRAÇOS
Os de hoje vão para a novela das seis que acabou – Mar do Sertão – e para os paraibanos arretados que integraram o elenco. Também abraço Zeca Ricardo Porto, Rubão Nóbrega, Márcio Murilo da Cunha Ramos, Severino Ramalho Leite, Ricardo Ramalho, Pedro Cirne, Antônio Malvino, Sales Ferreira, Manoel Raposo, Assis Camelo, Aldo Lopes de Araújo e Tarcisio Pereira.
O TIROTEIO
Quando o senador Humberto Lucena morreu, o radialista Maurício Alves foi escalado por Antonio Malvino, da Rádio Sanhauá de Bayeux, para transmitir o enterro.
Maurício cobriu o evento desde a saída do caixão do Palácio do Governo. E quando a comitiva chegou ao cemitério Senhor da Boa Sentença e foi parada para que os cadetes da Polícia Militar prestassem uma homenagem disparando salvas de tiros, Maurício deu o seu show de encerramento, avisando:
-Malvino, neste momento o corpo do senador Humberto Lucena está sendo recebido a bala no cemitério.