Na manhã desta sexta-feira (23), a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) discutiu a dinâmica de organização e gestão dos mercados públicos da cidade, frente à política de comercialização de alimentos. A discussão foi proposta pelo vereador Marcos Henriques (PT). Feirantes do Mercado Público de Oitizeiro apresentaram demandas sobre o equipamento.

O representante do mercado, Josivaldo da Silva, alegou que protocolou um pedido ao Ministério Público (MP) para solicitar à Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) a reversão da decisão de retirada do equipamento da sua localização atual para as margens da BR 230. De acordo com ele, a feira está localizada na região desde o ano de 1952. “São 72 anos de tradição, gerando empregos diretos para a população de João Pessoa”, arguiu.

O Mercado de Oitizeiro é localizado na Avenida Cruz das Armas e a previsão é de que ele seja transferido para uma área próxima ao viaduto das Três Lagoas, às margens da BR-230. Luís Galdino afirmou que trabalha há 30 anos no local e questionou a transferência. Ele destacou que a nova localização tem a probabilidade de gerar acidentes e de inundar em invernos rigorosos. O feirante ressaltou que a mudança de local também vai prejudicar os comerciantes do entorno do mercado.

O estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e conselheiro do movimento Ocupa UFPB, Augusto de Freitas, alegou que a intenção de transferir o mercado se deve à especulação imobiliária, já que o equipamento está localizado em região bastante movimentada.

Filha de feirante, Mauri Sousa, afirmou, emocionada, que foi sustentada pela mãe com a renda vinda da feira livre de Oitizeiro. Ela destacou que essa transferência pode colocar em risco a fonte de renda de centenas de famílias que vivem da feira. Mauri afirmou ainda que o local previsto para a mudança não tem acessibilidade, seja para quem vai a pé ou de carro; que é uma área de mangue, sujeita à inundação; e sem segurança pública.

Valdir Messias ressaltou a importância da feira de Oitizeiro para o cidadão pessoense. Para ele, a feira é um marco, uma representação de João Pessoa, e as frutas e verduras são vendidas a preço mais acessível porque vêm do próprio município. Sobre a mudança de localidade, Valdir pediu uma solução para os comerciantes, enquanto isso ocorrer, para que não percam a sua fonte de sustento.

A feirante Marta Bento destacou que trabalha há mais de 35 anos na Feira de Oitizeiro, na região onde ela se localiza atualmente, e alegou ser muito difícil o deslocamento de todos os feirantes para outra região, já que estão estabelecidos há mais de 70 anos no local. “Deveria haver uma intervenção no local mesmo, com uma organização e um projeto bonito para a entrada da cidade. Dependemos do nosso ‘ganha pão’ naquele local, onde já estamos todos estabelecidos”, defendeu.

O contador Tomiris Silva sugeriu que a feira permaneça no local em que funciona atualmente, mas, passe por uma reforma, sendo transformada em um belo edifício para receber os turistas que chegam a João Pessoa.