Chuvas castigam o Rio de Janeiro e matam onze pessoas


Mais duas pessoas estão desaparecidas na região metropolitana da capital fluminense. Governo federal colocou a Defesa Civil Nacional à disposição. São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo também estão em situação de alerta

As fortes chuvas que castigaram o estado do Rio de Janeiro na madrugada de ontem causaram alagamentos em diversos pontos da capital fluminense, que está em estágio 4, o segundo maior na escala de risco, bem como em outros municípios, como Niterói, que está em alerta máximo. Entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, 29 sirenes em 16 comunidades foram acionadas. Pelo menos 11 pessoas perderam as vidas e duas estão desaparecidas, uma mulher em Belford Roxo e uma criança em São João de Meriti.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e de Belford Roxo, Waguinho Carneiro (Republicanos), para garantir o apoio do governo federal à população dos municípios afetados. “O presidente também conversou com os ministros Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), para acompanharem os trabalhos das equipes de assistência e de infraestrutura”, disse o Palácio do Planalto, em nota.

Waldez Góes, que deve viajar hoje com uma equipe do governo para acompanhar a situação e encaminhar medidas de auxílio, afirmou que colocou os recursos e agentes da Defesa Civil Nacional à disposição do município. “Não faltarão recursos federais para atendimento à cidade do Rio de Janeiro. Essa é uma determinação do presidente Lula para qualquer caso de desastre em nosso país. Estamos acompanhando de perto a situação do Rio de Janeiro e iremos fazer tudo o que for necessário para atender a população afetada. Estamos prontos para enviar uma equipe da Defesa Civil Nacional para dar apoio no atendimento à população afetada e nos procedimentos necessários para a solicitação de recursos federais”, declarou Góes, que informou que a pasta também já fez reuniões com as defesas civis de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, em alerta máximo devido às chuvas.

Wellington Dias, por sua vez, declarou que colocou a equipe da pasta à disposição do prefeito de Belford Roxo e que orientou a antecipação emergencial do Bolsa Família para todos os beneficiários que estejam nas áreas de risco. “Eu me solidarizo com todas as famílias, em especial aquelas que perderam seus entes queridos nesta tragédia”, afirmou, nas redes sociais.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse, ainda, que está “acompanhando os efeitos da chuva de ontem nos municípios do Rio e o estado de alerta com as iminentes tragédias, fruto também dos efeitos do racismo ambiental e climático”. “Algumas prefeituras já estão mobilizadas. Vou procurar conversar com o ministro das Cidades (Jader Filho) para entender o que o governo federal pode fazer de assistência. Por enquanto, se possível, o ideal é evitar o deslocamento”, afirmou Anielle, cotada para concorrer ao cargo de vice-prefeita na chapa de reeleição de Paes.

Paes declarou situação de emergência na cidade e pediu que as pessoas evitem sair de casa, já que vários pontos estratégicos da cidade, como a Avenida Brasil, estavam interditados. Por volta das 15h de ontem, as vias foram liberadas, conforme o nível da água foi diminuindo. A Defesa Civil chegou a registrar mais de 30 bolsões d’água nas principais vias da cidade.

Segundo Paes, o vice-governador Thiago Pampolha (União) acompanhou as ações no Centro de Crise, no bairro da Pavuna. O governador Cláudio Castro (PL), que está de férias, usou as redes sociais para informar que está em contato com as prefeituras. “A força-tarefa do governo já está em andamento.”

“Em muitas áreas que alagaram, as pessoas perderam seus pertences. A gente está com o time da ação social identificando essas áreas e trabalhando para minimizar o sofrimento das pessoas. O que a gente pede às pessoas é que evitem ainda no dia de hoje, como se trata de um domingo, se deslocar pela cidade, principalmente nessa região, por mais que a Avenida Brasil esteja liberada”, pediu Paes, em um vídeo publicado no X, também conhecido como Twitter.

A Zona Norte da capital fluminense foi a mais afetada. As estações Pavuna, Engenheiro Rubens Paiva, Acari Fazenda Botafogo e Coelho Neto da Linha 2 do Metrô estão temporariamente fechadas devido ao transbordamento do rio Acari. De acordo com a prefeitura, foi registrado um índice recorde de chuva em Anchieta, que em 24 horas marcou 259,2 milímetros. Em Niterói, a chuva chegou a marcar 120,2 milímetros em uma hora, o equivalente a mais de 80% do volume esperado para todo o mês de janeiro.

“Lembramos que o verão deste ano está sob influência do El Niño, fenômeno climático que pode deixar as chuvas ainda mais fortes e intensas”, publicou o perfil da prefeitura do Rio no X.

Alerta no Sudeste

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu na noite de sábado um alerta de “grande perigo” na quantidade de chuvas prevista para partes do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, com um acumulado superior a 60 milímetros por hora ou acima de 100 milímetros por dia, com possíveis alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos de encostas em cidades que apresentem áreas de risco.

Belo Horizonte registrou ontem a madrugada mais chuvosa do mês, com quatro regiões com o risco geológico mais alto, quando os terrenos estão tão encharcados que podem desabar, deslizar ou desmoronar se tensionados. Só a regional Leste registrou quase um quarto da chuva do prevista para janeiro: 78,2 milímetros (23,6%). Na capital, foram registrados 350 raios em duas horas, durante a tempestade.

A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Belo Horizonte (Comdec-BH) emitiu alerta de alto risco geológico para as regionais Centro-Sul, Noroeste, Leste e Barreiro devido às chuvas intensas. A regional Norte está sob risco moderado. Na capital mineira, o alerta vai até a quarta-feira.

“Recomenda-se atenção no grau de saturação do solo, sinais construtivos e cuidados com quedas de muros, deslizamentos e desabamentos”, informa a Comdec-BH. Alguns dos sinais para a evacuação imediata da residência e contato com a defesa civil são paredes trincadas, água empoçando no quintal, portas e janelas emperrando, rachaduras no solo, água minando da base do barranco, inclinação de postes ou árvores, muros e paredes estufadas e sons de estalos.

Na cidade e região metropolitana de São Paulo, a situação é preocupante desde sexta-feira, quando começaram as fortes chuvas. Até ontem, duas mortes foram registradas. Em Juquitiba, um garoto de 6 anos morreu, quando a caminhonete conduzida pela avô foi levada por uma enxurrada, causada pela inundação de um córrego. O homem ainda conseguiu sair e nadar, mas o menino morreu. Em São Bernardo do Campo, um homem de 49 anos morreu após ter a casa atingida por um deslizamento de terra.

Os dados do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas de São Paulo (CGE) mostram que janeiro acumulou, até o momento, 136mm de chuva, o que equivale a aproximadamente 53% dos 256,5mm esperados para todo o mês.

FRASE
Lembramos que o verão deste ano está sob influência do El Niño, fenômeno climático que pode deixar as chuvas ainda mais fortes e intensas”

Texto da postagem da Prefeitura do Rio nas redes sociais.

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