Na noite de sexta-feira (5), faleceu no Rio de Janeiro aos 92 anos Zagallo, ex-jogador e treinador da seleção brasileira. A notícia foi divulgada pelo perfil oficial da lenda do futebol brasileiro no Instagram.
Mario Jorge Lobo Zagallo conquistou a Copa do Mundo como jogador em 1958 e 1962, como treinador em 1970 e como auxiliar em 1994. O Velho Lobo teve participação fundamental em quatro dos cinco títulos mundiais do Brasil.
Para além dos triunfos com a seleção brasileira no mundiais, Zagallo alcançou o título da Copa Libertadores da América da Copa das Confederações, e do Campeonato Brasileiro tanto como jogador quanto como técnico.
O ex-jogador e treinador deixa para trás um legado marcado por conquistas e exemplaridade. Sua influência foi fundamental para popularizar o futebol brasileiro globalmente.
A despedida da lenda na seleção brasileira ocorreu em 2006, quando realizou mais uma colaboração com Parreira, atuando como coordenador. Na ocasião, a seleção brasileira chegou às quartas de final, mas enfrentou novamente a frustração ao ser derrotada pela França e por Zidane.
Comunicado
Familiares utilizaram a conta dele no Instagram para comunicar o falecimento da lenda do futebol brasileiro: “É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo. Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas.
Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa. 🖤”
Carreira
Zagallo nasceu em Atalaia (AL) e mudou-se para o Rio de Janeiro aos 8 meses de idade, estabelecendo residência na Tijuca, bairro da Zona Norte com o qual cultivou uma relação estreita ao longo de toda a sua vida.
Desde as partidas informais no Maracanã – antes mesmo da inauguração do estádio –, Zagallo percorreu as categorias de base do América, sediado na Tijuca, antes de ingressar no Flamengo.
Aos 18 anos, foi convocado para o serviço militar, marcando o início de sua ligação com as Copas do Mundo. No entanto, esse início foi acompanhado por um revés, ao desempenhar o papel de segurança nas arquibancadas do Maracanã durante a derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa de 1950, testemunhando assim o fatídico Maracanazzo.
Iniciou sua carreira profissional como ponta-esquerda, alcançando o tricampeonato carioca pelo Flamengo de 1953 a 1955.
Em 1958, juntamente com a seleção brasileira, conquistou a primeira Copa do Mundo da história do país, marcando um gol na final contra a Suécia (5 a 2). Conhecido como “Formiguinha”, era apelidado assim devido à sua intensa movimentação e contribuição na marcação do meio-campo, algo raro para atacantes naquela época.
Quatro anos depois, já como atleta campeão pelo Botafogo, repetiu a dose e tornou-se bicampeão mundial com a seleção na Copa de 1962.
Em 1964, aposentou-se como jogador e deu início à sua carreira de treinador, começando pelo Botafogo.
Poucos meses antes da Copa de 1970, assumiu o comando da seleção no lugar de João Saldanha, levando Pelé e companhia ao tricampeonato mundial. Para muitos, essa foi considerada a melhor seleção de todos os tempos.
O tetra veio em 1994. Como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira, Zagallo participou da campanha na Copa dos Estados Unidos.
Por pouco, não conquistou o penta: como técnico da seleção, chegou à final da Copa de 1998, mas a equipe foi derrotada pela França de Zidane.
O visual do Zagallo treinador de 1998, inclusive, foi escolhido para uma homenagem no Museu da Seleção, na sede da CBF, no Rio. No ano passado, o Velho Lobo conferiu – e aprovou – seu boneco de cera (veja no vídeo abaixo). “Tá bom demais (…) Quer trocar comigo?”, brincou. “Jamais pensei em poder bater um papo com o Zagallo.”
Zagallo também atuou como treinador nos três grandes times do Rio (Flamengo, Vasco e Fluminense) e no Bangu, além de ter comandado as seleções do Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita – onde também dirigiu o Al Hilal, atual clube de Neymar.