“Nenhuma de nossas praias tem manchas de óleo, nem pequenas e nem grandes. Todas estão livres de óleo. Quanto ao material recolhido pelas nossas equipes – foi de 400 kg -, se tratava de areia oleada, ou seja, só uma parte era de óleo”. A afirmação é do superintende de Administração do Meio Ambiente da Paraíba (Sudema), Aníbal Peixoto Neto, ao comentar o resultado das análises feitas até terça-feira passada. O Estado tem um litoral com 138 quilômetros de extensão, com 56 praias.
De acordo com Anibal Neto, a Paraíba está sendo um dos estados nordestinos menos afetados com o desastre ambiental. Desde setembro tem aparecido no litoral da região grandes manchas de óleo vindo do fundo do mar. Na Paraíba, foram encontradas inicialmente – final de agosto e início de setembro – manchas em 14 praias – nove delas na Costa do Conde; quatro em Cabedelo; e uma em João Pessoa, no Bessa. Porém, houve a necessidade de limpeza na primeira quinzena de setembro apenas em Cabedelo, no litoral Norte. Nessa limpeza, segundo revelou, foram coletados apenas 400 quilos de areia com óleo, levados para uma célula no aterro instalado na Região Metropolitana de João Pessoa.
A quantidade de óleo na Paraíba é ínfima, comparada com a que foi encontrada em outros estados. Ao todo, até terça-feira, foram coletadas 4,5 mil toneladas de óleo, das quais, 1.565 toneladas em Pernambuco; 1,2 mil toneladas em Alagoas; 865 toneladas em Sergipe; 14 toneladas no Rio Grande do Norte; e 4 toneladas no Ceará.
Com o surgimento de uma segunda mancha de óleo no Nordeste – que não atingiu a Paraíba -, o Governo paraibano decidiu imediatamente criar uma força tarefa para dar início a um trabalho de monitoramento intensivo. Essa força conta com equipes da Sudema, Fundação Chico Mendes, Corpo de Bombeiros, Ministério Público do Estado, Agência de Vigilância Sanitária, acadêmicos da Universidade Federal da Paraíba, secretarias de Meio Ambiente e Defesa Civil de todas as cidades do litoral, além da Capitania dos Portos que, por meio da Marinha do Brasil, está à frente da coordenação.
Na Paraíba, segundo Aníbal Neto, o trabalho de monitoramento tem sido feito diariamente com a utilização de drones e equipes que atuam em solo e no mar. Segundo ele, todos os arrecifes do litoral estão intactos, sem qualquer sinal de óleo. A pesca também está liberada sem restrições, assim como o consumo de peixes.
Nesta segunda-feira (4), amostras de óleo coletadas na Paraíba serão levadas para análise para ver os parâmetros inorgânicos, como cobre e ferro dissolvido, hidrocarbonetos totais de petróleo e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. Esse trabalho também será feito pela Agevisa nos pescados.
Aníbal Neto afirmou que não é possível ter uma resposta conclusiva sobre a ausência de óleo no litoral paraibano, enquanto em estados vizinhos, como Pernambuco, a tragédia ambiental teve sérias repercussões. O superintendente disse que na terça-feira esteve em Recife para uma reunião a convite do Governo pernambucano e que conversou com o vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Marcos Araújo, que é oceanógrafo.
O vice-reitor disse que a ausência da mancha de óleo na Paraíba pode ter sido motivada pelo local onde houve o derrame do material ou então por conta das correntes marítima. No começo da próxima semana, segundo o superintendente, o local exato onde começou o derrame do óleo deve ser encontrado, assim como os responsáveis por esse crime ambiental. Com essas informações, será possível dimensionar a quantidade desse óleo.