PORQUE HOJE É SÁBADO

1 – Tem gente que não consegue deixar de ser governo. Sente falta do Palácio, da suntuosidade daqueles salões antigos e bem decorados, do cheiro do diário oficial, do cargo em comissão, do poder de mando.

Isso vem dos tempos de antanho.

Lembro do caso de um deputado do Piancó que, na procissão de Santo Antonio, após verificar que tinha sobrado na escolha dos que carregariam o andor (foram escolhidos o governador, o prefeito, o presidente da Assembléia e alguns secretários) pediu permissão ao padre para caminhar perto da estátua. “Não posso ficar longe do poder” justificou.

2 – Um assessor do prefeito Severino Cabral tentou socorrer-se dele antes de preencher um cheque de sessenta cruzeiros.

– Sessenta se escreve com esse ou com cê, Seu Cabral?

= Faz dois de trinta – sugeriu o prefeito.

3 – O brasileiro é tão desonesto que não respeita sequer a fila da vacina.

4 – Desde menino, Wilson Braga conviveu com umas hemorróidas de botão que o tiravam do sério. Certa vez, Edmilson, seu assessor, chegou à sua casa pela manhã, encontrando-o em crise. Uma cueca manchada de sangue jogada no canto da parede, uma toalha de banho em iguais condições atirada no outro e Braga, enrolado num lençol, andando pela casa, fazendo a barba sem precisar de espelho. Quando Edmilson se preparava para contar as fofocas do dia, o deputado o interrompeu:

– Oh! Edmilson, você que anda pelas feiras livres de João Pessoa, veja se arranja um cu novo para mim, pois este daqui está sem serventia.”

5 – Mandaram para mim uma notinha sobre condenação de um blogueiro. Não vou noticiar. São tantas condenações em cima daquele bofe que o fato virou rotina.

6 -Vicente Lins veio de São José de Piranhas fazer uns exames de saúde em João Pessoa. Acompanhado do sobrinho Rafael, visitou os laboratórios do centro da cidade, e, terminada a tarefa, sentou num dos bancos da Lagoa para descansar. Estavam assim, ele e o sobrinho, descansando, quando Vicente viu uma galega extremamente oxigenada, que passava balançando uma bolsinha vermelha. Cutucou o sobrinho e comentou:

– Rafael, meu filho, o sertão tá cheio dessas galegas falsificadas do Paraguai.

7 – Pode até não ser, mas que parece, parece.

8 – Chegou às mãos do Procurador João Bosco Fernandes um processo remetido pelo Secretário da Educação, Tarcisio Burity, no qual a professora Heroina Freitas pedia a juntada, ao seu nome, do sobrenome Pinto. Bosco analisou os autos e concluiu seu parecer:

– Não consta que dona Heroina Freitas tenha Pinto. Se o tem não usou até agora. Se o Pinto é do seu marido, tem o direito de usá-lo oficialmente. À consideração superior, mas de logo adianto que deve ser deferido a dona Heroina o uso do Pinto, desde que prove a sua existência.”

9 – “Tchau Querida, o Diário do Impeachment”, livro de Eduardo Cunha revelando a trama que resultou na queda de Dilma Roussef, tem personagens paraibanos. E eu na fila para ser um dos primeiros a adquirir a obra.

10 – Renato Carrola, filho de criação do Coronel Manoel do Lastro, foi convocado para comandar um arrastão de campanha no Sítio Boa Esperança. Visitando casa por casa em busca de apoios para seus candidatos, chegou tarde da noite na casa de uma tia, querendo descanso.

Parou na frente da residência e bateu insistentemente na porta, até que escutou alguém gritar lá de dentro:

– Quem está aí?

– É Renato Carrola, tia!

– E você não sabe bater com a mão não, seu mal educado?

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Zébedeu de Solânea, Geordie Filho, Fred Menezes, Messinho de Monteiro, Nanado Alves, Sérgio Bezerra, Joca Fernandes, Marçal Lima Júnior, Zé de Edezel, Damião Antas, Tenório Nóbrega, João Vanildo, Tadeu Florencio, Luciano Arroz, Sebastião Gerbase, Emanuel Arruda, Alysson Filgueiras, Marcos Maivado Marinho, Agnaldo Almeida, Frutuoso Chaves, Zé Euflávio Horácio, Toinho Vicente, Edson Werber, Neno de Lero, Cardivando de Oliveira, Maurilio Batista, Antonio Malvino, Todynho e Adelton, Bruno Pereira, Herbert Fitipaldi, Mário Gomes Filho, Diego Lima, Edmilson e Miguel Lucena, Francisco Ferreira, Abraão Beltrão e Marco Antonio Gouveia de Morais.

12 – Egídio Madruga enquanto foi deputado estadual, presidiu a Comissão de Justiça da Assembléia e emitiu parecer sobre todos os projetos que os deputados apresentaram. Costumava trabalhar em casa, para onde mandava levar os processos, que, às vezes, nunca voltavam. Certa feita, Ramalho Leite aguardava um parecer em projeto de sua autoria, quando foi procurado por um assessor da CCJ com cópia do projeto para que assinasse. Surpreendeu-se com o pedido e recebeu a explicação inusitada:

– É que a cachorra de Egídio comeu o seu processo.”

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